Sobre

PRISMA DE MIM MESMO

SOBRE A FAIXA

VERMELHO

FICHA TÉCNICA


Música, letra e produção por Lux Ferreira em Dezembro de 2017


No Mapa Estúdio (Gávea, Rio de Janeiro):

Voz, sintetizadores e bateria eletrônica: Lux Ferreira

Arranjos vocais adicionais: Tomás Tróia e Duda Beat

Vozes adicionais: Tomás Tróia e Duda Beat


No Estúdio Playground (Botafogo, Rio de Janeiro):

Bateria: Théo Zagrae

Rhodes: Lux Ferreira

Técnicos de gravação: Junior Neves e Carlos do Complexo


Mixagem: Rafaela Prestes no Estúdio Forte Apache (Santa Tereza, Rio de Janeiro)

Masterização: Martín no Estúdio Puro Mastering (Buenos Aires, Argentina)


"Se alguém diz vermelho - o nome da cor - e 50 pessoas ouvirem, pode-se esperar que hajam 50 vermelhos diferentes em suas mentes." - Josef Albers


VERMELHO é o despertar para a vontade e a dor sentidas durante o mês de dezembro de 2017. Tudo que foi vivenciado, contribuiu para o resultado final da obra. O processo inicial de criação envolveu o estudo da cor tentando fazer conversões simplórias através dos cálculos físicos já existentes. Porém, por conta da distância entre as frequências visuais e sonoras foi possível notar que fatores mais abstratos deveriam ser levados em conta no momento da criação e produção da faixa. Assim como muitos artistas desenvolveram seus próprios métodos de comparação para criarem seus "órgãos de cores", Lux achou conveniente utilizar outros meios para encontrar seu resultado final. Foi assim que surgiu a oportunidade de descartar que o tom da canção estivesse simplesmente em acordo com o cálculo físico, e na verdade encontrar um fundamento em seu lado poético e abstrato dos sentimentos. Além disso, a partir desse pensamento foi possível levar em conta, não só o tom da canção mas também cada timbre escolhido e criado, a entonação das vozes gravadas, a escolha harmônica e cada nuance da música composta. Algumas experiências foram escolhidas para que a realidade da cor estivesse nítida na estética sonora e identidade musical da faixa. Em uma delas, o artista se colocou em um quarto totalmente escuro apenas com a cor sendo emitida pela tela de um computador. Todos os pensamentos e sentimentos foram escritos e deram os fundamentos para a composição. A experiência se repetiu algumas vezes ao decorrer do mês. O segundo passo foi transcrever musicalmente os sentimentos vivenciados naquele quarto. Após essa experiência de encontro, o tom de ré maior foi escolhido para ter predominância e representar VERMELHO. Isaac Newton (1704) e Alexander Wallace Rimington (1893), em seus estudos, também chegaram em uma conclusão similar a respeito da mesma cor. A intenção agressiva, ao mesmo tempo desperta desejo. Nessa composição, o detalhe está na construção e na transformação. No início, guerra. E as notas de ré e dó sustenido ficam presentes o tempo inteiro da primeira parte da canção para enfatizar o sentimento. O que acontece no meio da música é reflexão de tudo que despertou e em seguida recai sob uma melancolia em tom menor. O que foi construído se desconstrói com a nova harmonia em ré menor. Logo depois da melancolia, a agressividade/impulsão voltam à tona novamente para que seja relembrada a essência do que é para ser transmitido. É importante ressaltar que, na visão do artista, isso não é uma demonstração para enaltecimento próprio. É verdade que a criação por si só engrandece o criador, porém as experiências e resultados presenciados só possibilitam mostrar uma pequena parcela da criatividade e grandeza da verdadeira grande fonte de tudo. O Criador dos criadores possibilita que essa pequena parcela seja interpretada e colocada de forma palpável através da arte. Fazer parte dessa realidade já é incrível. É um retrato do artista possível por algo muito maior e o resultado é exatamente esse que agora pode ser contemplado.



VERMELHO

por Lux Ferreira


seguindo a trilha da vida

fazendo as trilhas da minha vida

musicais como reconheço

guerra, às vezes raiva mas também desejo


se o amor é completude, o agora {no vermelho} é recomeço.

pelo menos pra mim.

a beleza da classe e elegância contidas também são dolorosas como o sangue que escorre


esse que me cura e me coloca na condição frágil humana temporal

revela minha essência e também minha dor.


essa é a cor que associam de maneira estranha com o amor

na verdade, não acredito que tenha a plenitude da essência disso tudo.

apenas parte dela.

o amor é muito além.


essa é a cor onde a ira e o anseio se misturam

onde a dor e a vontade encontram casa.

desejo desesperado, mas oportunidade de continuar

seguindo a trilha da vida

fazendo as trilhas da minha vida



PRISMA DE MIM MESMO

SOBRE A FAIXA

LARANJA

FICHA TÉCNICA


Produção por Lux Ferreira em Janeiro de 2018

Música composta por Lux Ferreira e Mari Milani


Sintetizadores e bateria eletrônica: Lux Ferreira

Vozes: Mari Milani e Lux Ferreira


Mixagem: Rafaela Prestes no Estúdio Forte Apache (Santa Tereza, Rio de Janeiro)

Masterização: Martín no Estúdio Puro Mastering (Buenos Aires, Argentina)


LARANJA é a abertura para o que precisava ser vivenciado em Janeiro. É alegre, divertida e traz lados que eram explorados com menos intensidade pelo artista. A partir do momento que o mês de Janeiro começa é também o início de um novo ano. Novas experiências eram necessárias. Não mais só as experiências internas, intensas e solitárias que o vermelho proporcionou, mas também interações com o externo. Se abrir, olhar para o outro, se interessar pelo que toca o próximo e entender a alegria de viver na diversão e euforia foram o que nortearam as composições desta cor. Pequenas coisas como ir à praia ou em algum evento que muitas pessoas estivessem presentes, proporcionaram uma nova visão para o processo criativo. Ao longo do mês, pessoas foram ouvidas. Percepções diferentes de um mesmo assunto possibilitaram gerar uma forma nova de pensar. Por conta da sociabilidade que o laranja proporciona, novos caminhos foram desmistificados para resultar em uma obra feliz. Felicidade, enfim! Os sons da praia foram captados. Crianças correndo, gritando e se divertindo. O mar e suas ondas. Os vendedores ambulantes e suas falas conhecidas. Conversas movimentadas pela areia e a vida em meio a tudo isso. A atmosfera já estava criada e a composição surgiu a partir dela mesma. As notas, acordes e timbres praianos reinam ao som do verão. Janeiro não poderia ser mais bem representado do que pelo laranja no Rio de Janeiro. Os efeitos aquáticos e balões borbulhantes que estão presentes tem seu fundamento na própria atmosfera criada anteriormente. Tudo faz sentido. Apesar disso, a obra ainda não estava completa. Entender o outro é muito importante, e para Lux, era necessária uma experiência em conjunto para aprofundar o resultado final de LARANJA. Foi a partir disso que surgiu a colaboração de Mari Millani. A experiência proposta era que os dois estivessem em um ambiente parcialmente silencioso onde ficariam sentados olhando um para o outro durante o período de trinta minutos. Não poderia haver fala ou conversa a não ser a do olhar. Uma experiência tão profunda quanto a experienciada em VERMELHO, porém era uma profundidade de um modo diferente. Agora era possível entender e se comunicar através de outros sentidos. Muitas gargalhadas e risos no início. Depois, poesia nas mensagens, preocupações, amor, carinho e conforto que eram enviadas através dos olhares. Expressões que não eram calculadas, apenas vivenciadas. Tudo era muito intenso e a troca deixou os dois artistas em um estágio de contemplação. No estúdio, se depararam com frequências que confortavam os ouvidos e desse processo surgiu a segunda parte da canção, além da construção melódica da primeira parte. Qualquer som produzido ali, conduzia a audição de uma canção que nitidamente era muito maior do que eles. Logo depois da excitação de um dia na praia, veio a calmaria da contemplação de um pôr do sol também laranja. Nessa música, a onda de arrebatamento e satisfação estão unidas para mostrar o que a cor representa na visão do artista.



LARANJA

por Lux Ferreira/Mari Millani


depois da praia, o pôr do sol e calmaria

observar e ser observado

não mais a força de dentro, mas também o que vem de fora

interação e compartilhamento

informação que vem do outro

afeto e olho no olho


felicidade estampada, risada

nada e tudo no mesmo lugar

a diversão e constrangimento de estar

completamente legível apenas no olhar


sensatez e felicidade totalmente aparentes

prima do calor, prima do fogo

prima da claridão

é eufórica e chama atenção



PRISMA DE MIM MESMO

SOBRE A FAIXA

AMARELO

FICHA TÉCNICA


Produzido por Lux Ferreira em Fevereiro de 2018


Sintetizadores e programações: Lux Ferreira


No Estúdio Playground (Botafogo, Rio de Janeiro):

Bateria: Théo Zagrae

Cuíca: Pacato

Técnico de gravação: Junior Neves

Auxiliar de gravação: Carlos do Complexo


Mixagem: Rafaela Prestes no Estúdio Forte Apache (Santa Tereza, Rio de Janeiro)

Masterização: Martín no Espaço Sideral


AMARELO. Meu ego e onde eu sinto que o que não era revelado normalmente, precisava ser dito em sua essência. Por isso, a partir dessa experiência, escrevo em primeira pessoa. Achei importante enfatizar porque sempre acho. Amarelo traz de volta uma coisa fundamental que é a felicidade. Mas em compensação, também me traz lembranças que causam confusão. Já que o prisma é de mim mesmo, resolvi abrir mais ainda essa experiência de uma forma que ficasse mais claro o que foi experienciado para resultar na música. Amarelo é inconstante, porém feliz. Importante. Quer atenção para si, sempre, e por isso, sempre me incomodou de um jeito bem específico. É por isso que a música soa tão descontraída, irreverente e cômica em sua base rítmica e samples, porém seus acordes a conduzem para uma confusão mental distorcida. O amarelo é uma cor intensa demais, então é impossível esquecê-la de uma forma rápida depois de um contato mais profundo. Os timbres dos synths saem assim, distorcidos, sempre que as lembranças felizes de um relacionamento perdido voltam a minha mente trazendo confusão. Não tem a ver exatamente com a cor em si, mas com quem ela representa pra mim nesse momento. O intuito inicial era para ser cômico e feliz, mas quando coloquei o coração ao desenvolver essas harmonias, só me remetia a perturbação que era conviver diariamente com uma cor tão distinta de mim. Uma coisa é certa: o que está composto ali é verdadeiro. Como experiência inicial, viajei para Israel e entrei em contato com uma versão mais terrosa do amarelo. Tudo era fascinante e lindo de ser contemplado. O amarelo do sol, da areia no deserto e das construções me faziam refletir. De qualquer forma, toda viagem me leva para um lugar interior diferente. A grande questão era que o amarelo do espectro visível era muito mais claro e aparente do que o experienciado em duas semanas naquele país. Então para que a obra fosse criada, foi necessário estar de volta à casa e quando voltei, me deparei com um final de carnaval amarelo e reluzente. Alegre e festivo. Foi isso que norteou a música no início, mas como eu mesmo disse, isso também me colocou em um ambiente confuso. Todas essas camadas estão na música composta. Através dela, coloco em exposição a faixa e a confusão que é muitas vezes se permitir a entender algo fora do próprio alcance.



PRISMA DE MIM MESMO

SOBRE A FAIXA

VERDE

FICHA TÉCNICA


Música, Letra e Produção por Lux Ferreira em Março de 2018


Programações e Teclados: Lux Ferreira


No Estúdio Playground (Botafogo, Rio de Janeiro):

Vozes: Lux Ferreira e Mari Milani

Técnico de gravação: Junior Neves

Auxiliares de gravação: Carlos do Complexo e Henrique Pernambuco


Mixagem: Rafaela Prestes no Estúdio Forte Apache (Santa Tereza, Rio de Janeiro)

Masterização: Martín no Espaço Sideral (Humaitá, Rio de Janeiro)


VERDE eu vejo da janela do meu quarto. Inspiração cotidiana de vida e beleza. Cor que me leva a um estado de conexão muito bonito com algo que é muito maior do que eu. Vejo a essência pura e que traz esperança através da natureza. Traz frescor. Eva Heller (uma escritora e cientista social alemã) diz que os que apreciam essa cor, a visualiza em seu tom mais claro, representando de forma mais precisa o que mencionei no início. Então, para mim, era inevitável que a transformação da cor em música passasse pelas experiências com alguma versão mais clara do verde no espectro. De fato esse é um verde mais feliz e foi muito melhor para o meu mês que eu fizesse a música dessa forma. Penso até em algum momento fazer uma canção sobre alguma versão mais escura do verde, mas para o agora, o importante era trazer a vida da natureza de uma forma mais leve e simples através dos sons. Essa canção se difere em muito da opção de estética sonora utilizada nas últimas três. Isso foi escolhido propositalmente para que a simplicidade dos timbres orgânicos estivessem em evidência. O ORG NICO torna-se principal por conta da cor. Atabaques, shakes, kalimbas e timbres que remetem a madeira e sopro. Tudo ali precisava soar vivo e por isso não existe um beat presente, mas sim, a poliritmia criada para gerar uma atmosfera dançante pelas coisas naturais. A canção (melodia e letra) vieram logo depois de passar algumas horas sentado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Lá foi meu ponto de contato com o verde para o processo de imersão na cor. Dia de sol, verdes reluzentes, muitos insetos me picando e fazendo marcas que levei para o estúdio quando sentei no piano para criar a composição. A letra revela muito disso: o quanto dessa grandiosidade e diversidade me colocam no chão. Me colocam em um lugar de humildade, por saber que sou apenas mais uma partícula vivente nessa imensidão da vida. Mas também, me mostra o quão significativo sou para esse processo, sendo racional e compreendendo as coisas que vivencio. Ou seja, fui criado para admirar, mas também para possibilitar admiração. O caminho que traço não é só meu e me revela cada vez mais sobre quem está além de mim. O verde me mostra muito do que eu sou e do que ainda preciso ser. A cor marca o início de um novo ciclo para mim. Um ciclo onde cada vez mais percebo a beleza da simplicidade das coisas novamente. Ressurreição talvez seja o substantivo mais correto a ser utilizado para esse período, principalmente agora na páscoa. VERDE é expressada na natureza e ao observá-la, eu me sinto parte dela.



VERDE

por Lux Ferreira


a beleza que ecoa é farta

a cada olhar que existe em mim

natureza e as proezas raras

pra me mostrar o chão


tuas coisas pra mim são sagradas

vida e direção

a beleza que ecoa, exalta



PRISMA DE MIM MESMO

SOBRE A FAIXA

AZUL

FICHA TÉCNICA


Composição e Produção por Lux Ferreira em Maio de 2018


Programações, piano, voz e mixagem: Lux Ferreira


Vozes gravadas na Cozinha (Casa do Mato, Gávea, Rio de Janeiro):

Técnico de gravação: Théo Zagrae


Masterização: Martín no Espaço Sideral (Humaitá, Rio de Janeiro)


O azul do céu, do mar e do infinito estão aqui representados por mim. Sempre que me defino como uma cor, digo que sou AZUL. É serena, calma e equilibrada. Normalmente a predileta entre a maioria das pessoas daqui. Ao mesmo tempo, essa é a cor que no espectro é dividida em duas (ciano e anil) representando um contraste muito presente em mim. Eu, nascido em 7 de junho, tenho muitas dualidades: sou claro e escuro, aberto e fechado, alegria e tristeza. Decidi então fazer uma canção que representasse ao mesmo tempo essas duas vertentes. A calmaria do azul claro e reflexão interna do azul escuro. Tanto a leveza de encontrar alguém que representa um azul magnífico para mim, quanto a obscuridade e solidão de entender que ainda convivo com o fato de ser eu mesmo. Mesmo sendo eu. Essa é uma faixa minimalista, onde fiz questão de evidenciar coisas que não tinham sido nas obras anteriores. É a faixa que mostra algo sobre mim mesmo de uma forma mais crua. Minha voz na cara, menos timbres e mais poesia. Respiração, lentidão, reflexão, sossego, alegria, redenção, mas novamente solidão. Nessa fase, por apresentar uma canção, não descrevo muito nesse texto os acontecimentos que levaram a composição. Mas acho que o que está escrito na música é mais auto-explicativo do que qualquer coisa que eu pudesse reescrever. Então deixo vocês com a beleza e leveza do azul claro. Mas também com a profundidade e interiorização das coisas proporcionada pelo azul escuro. Essa é AZUL.



AZUL

por Lux Ferreira


nesse azul bonito

tranquilo é estar

no seu infinito

preciso mergulhar


quanto mais eu fico do teu lado

entendo o teu olhar

não quero largar a profundidade desse lar


seu nome é mar, seu nome é céu

azul infinito

me atrevo a nadar,

sabendo que estou contigo


seu nome é mar, seu nome é céu

azul infinito

me atrevo, mas não sei se devo

sabendo que estou sozinho



PRISMA DE MIM MESMO

SOBRE A FAIXA

VIOLETA

FICHA TÉCNICA


Música e produção por Lux Ferreira em Julho de 2018


Programações, teclados e voz: Lux Ferreira


Mixagem: Rafaela Prestes no Estúdio Forte Apache (Santa Tereza, Rio de Janeiro)


Masterização: Martín no Espaço Sideral (Humaitá, Rio de Janeiro)


VIOLETA é a última cor do espectro visível. A última que nossos olhos humanos conseguem compreender. Acima dela estão os raios que chamamos de ultravioleta. Essa cor é a divisão entre o tangível e o intangível. O visível e o invisível. É a cor que me faz refletir sobre nossas conexões espirituais, pois na minha visão, até o que é invisível é perceptível.
Aspectos específicos dessa cor foram abordados de diversas maneiras dentro da composição. Por exemplo, eu gostei de deixar a música com um ar um pouco mais analógico que as demais, porque a cor violeta sempre me remeteu a ruídos e pequenas distorções imagéticas como num VHS. Ao mesmo tempo, quis trazer questões do meu passado através de recortes que fiz de pastoras cantando e pregando. Isso me fez viajar pra um passado onde eu tocava com meu pai em igrejas pequenas (em cultos pentecostais). A cor violeta pra mim também remete ao misticismo e tentei retratar isso no início da canção com esses recortes. Pra ficar ainda mais complexo logo de cara, misturei tudo com frases de trompete e orquestra porque quis retratar a realeza e religiosidade em um único lugar. Tudo misturado. Apenas um parênteses: eu sei que existe beleza no que é buscado com verdade. Entretanto acredito também que tamanha beleza pode ser invalidada se essa mesma verdade não te move a pensar no próximo. Não adianta vivermos misticismos religiosos se não temos amor e compaixão com a dor do outro. Ou até poderia dizer mais: a conexão com um lugar intangível só é realmente válida quando reflete em amor na vida prática que vivemos. Tanto para consigo, quanto para com quem está do nosso lado. Mas esse sou apenas eu falando sobre coisas que ainda sou aprendiz.
Além disso, resolvi também continuar abordando meu passado ao som da segunda parte da música. Ela reflete referências que eu tinha a dez anos atrás como J Dilla, Madlib, Talib Kweli e Mos Def. Dentro desse espectro, adicionei também timbres que estivessem dentro da esfera sonora dessa época e pequenos sons que remetem às máquinas antigas.
Logo depois dessa parte, eu introduzo um beat mais pesado na faixa. A cor violeta para mim é a que representa melhor uma noite quente (em todos os aspectos). É uma cor vibrante, porém noturna. Então nessa terceira parte da música, resolvi falar disso explícitamente. É como um retrato sonoro de duas pessoas transando em uma boate. A atmosfera é densa e excitante. É uma mistura que torna possível várias reflexões em cima desse retrato. Logo vem a parte dançante da música e é como se trouxesse uma leveza um pouco maior para as reflexões antes observadas. De qualquer forma, ainda está tudo ali: a dança, o prazer, o assombro, o descartável, a vaidade, o alívio, a loucura, a instantaneidade, a noite e a também preocupante falta de equilíbrio das momentaneidades que vivemos em nossos dias.
Quão confuso é ser. Influências externas e experiências internas que me fazem enxergar o mundo todo a partir de uma percepção minha, é só minha? Eu já fui muitos sendo eu mesmo e sei que cada um desses ainda é parte de mim, mesmo não sendo só isso. Aprendo, evoluo e sofro mutações, mas aquilo que sou está cada vez mais claro internamente. E o que não sou, também faz parte das minhas escolhas que faço diariamente.
Esse projeto foi libertador, elucidante e extremamente eficaz em tudo que se propôs aqui dentro. Espero que faça ainda algum sentido para pessoas que têm interesse no amor próprio, amor para os outros e amor com Deus. E além disso, através dessa perspectiva inicial, que possam avançar ainda mais com percepções infinitas sobre o que foi designado de uma forma tão única pra gente: a vida.

Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor. 1 João 4:7,8

Eu ainda sou o mesmo, só que agora tenho mais bagagens para levar comigo. Sabendo ou não como lidar com elas, prossigo.



VIOLETA

por Lux Ferreira


Acordei de um sono profundo

Eu já fui muitos sendo eu mesmo

E nenhum deles

Agora já não sou mais